terça-feira, 8 de abril de 2014

Em defesa do indefensável - ditadura militar - parte 4

4. A ditadura foi conservadora

     Eu iria escrever "A ditadura era de direita", mas teria que justificar o que é direita, então resolvi deixar de lado. Vamos falar sobre o conservadorismo e a ditadura.
     Parece claro que a ditadura surgiu por influência conservadora - lembremos da Marcha da Família com Deus pela Liberdade.
     E outra, a ditadura foi contra o comunismo, então ela só poderia ser conservadora. Ops. Essa frase está incorreta. Um movimento contra o comunismo não é conservador. Em vez de explicar com minhas próprias palavras, vou citar Aldous Huxcley (o autor de "Admirável Mundo Novo"):
     (Ele não fala da ditadura militar no Brasil, obviamente, mas as frase se encaixa como uma luva.)
     "Eram agressores e sem dúvida ávidos de proveito e glória, mas também eram conservadores, determinados a todo custo a manter seu mundo intacto, em plena atividade"
      (A frase a seguir se refere dos anos 1900 a 1930 aproximadamente)
     "Nos últimos trinta anos não houve conservadores, mas só nacionalistas radicais de esquerda e nacionalistas radicais de direita".
  
     Posso ser contrariado pelos conservadores, mas acredito que a ditadura militar bebe muito do conservadorismo (não disse que a ditadura foi completamente conservadora) no sentido de querer mais manter a ordem do que controlar como cada um deve viver sua vida. Nesse sentido, ele é muito diferente dos estados comunistas (tal como aconteceram), fascistas e nazistas.
     Muitos dos excessos não vêm do conservadorismo, mas sim do fato de ser um estado de exceção. Qual estado de exceção, seja de direita ou de esquerda, não toma medidas drásticas?
     O governo toma medidas no estado de exceção que não seriam tomadas em situações ordinárias, normais. (Ah, é por isso que chama estado de exceção)

      Ainda sobre o tema, é preciso ser justo e dizer que a ditadura sofreu influência de uma ideia progressista mais do que de um conservadorismo. O progressismo é uma ideologia que acredita ser dever do governo acelerar o desenvolvimento econômico e social. Nesse ponto me parece um tanto contraditório dizer que houve uma "mistura" da ideologia conservadora e progressista que são antagônicas entre si, o que acham?
     Contudo, vejo o conservadorismo e o progressismo coexistindo no regime, assim como uma solução de água e óleo. Ambas no mesmo recipiente, contudo ainda distinguíveis entre si. Como se ao juntar o preto e o branco, não formasse o cinza, só se continuasse o preto e o branco.
  


     Você poderia estar se perguntando por que não ataquei o regime militar também. Por que só o defendi? Ora, acredito que em meu texto eu tenha trazido as minhas críticas ao regime militar, embora tenha dado muito mais ênfase (e bote "muito" nisso) em rebater as críticas.
     O regime* agiu várias vezes com violência? Sim.
     O regime* matou pessoas?  Sim
     O regime* foi contra a liberdade de expressão? Sim (considere isso implícito no "estado de exceção")
     O regime foi antidemocrático? Sim.
     Contudo em cada uma dessas frases eu tenho minhas considerações. Concordo, mas não exagere.

* O "regime" não age, não mata, não persegue. Quem faz isso são as pessoas. Não quero entrar nessa discussão agora. Fica aqui apenas esse rápido comentário.


Tenham uma boa noite!
E viva à Revolução de 64!

Obs.: Acabou essa série do "em defesa do indefensável". O que acharam? Amanhã tentarei postar um último post relacionado à ditadura.

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